"A novela de Gilberto Braga é toda da jovem atriz
Giuliana Reginatto - Agência Estado
São Paulo, 2 (AE) - Há um surto de torcicolo em Copacabana. De minissaia e top, sempre rebolativa, Bebel atrai todos os olhares. Em uma das primeiras gravações de "Paraíso Tropical", o trânsito chegou a congestionar. E a culpa não é só do figurino. Afinal, as areias cariocas já testemunharam cenas de novela com muito menos pano, como aquela em que Jaqueline (Juliana Paes), de "Celebridade" (2003), fazia topless. Curiosa, sim, é a desenvoltura de Camila Pitanga, 29 anos, na pele da prostituta mais sensual do horário nobre. Justo ela, moça certinha, adepta da rasteirinha e do look natural, chegou a aparecer em cena dançando enroscada em um pilar, só de biquininho.
A desinibição de Bebel pôs à mostra formas camufladas. Resultado: "Paraíso Tropical" está no ar há poucas semanas e Camila já virou alvo preferido das revistas masculinas. Assédio em vão. Apesar da personagem abusada, está decidida a preservar sua imagem puritana. "Sou discreta, gosto de roupas sóbrias, não era de usar salto. Agora, por causa da Bebel, até arrisco um saltinho. Isso não significa que vou posar nua. No começo da carreira, me incomodei muito com essa história de me verem apenas como uma mulher sensual. Com o passar dos anos, consegui direcionar o trabalho para o rumo que queria. Não vou fazer um desvio agora", conta.
Bebel pode até não representar um desvio de rota na conduta pessoal de Camila, mas é sim um divisor importante em sua carreira , povoada de mocinhas sonolentas, tais como a doméstica Mônica, de "Belíssima" (2005), e a médica Luciana, de "Mulheres Apaixonadas" (2003). O furor da atriz em cena deixou até Gilberto Braga de queixo caído. Ele, que chegou a dizer o quanto Camila parecia ser uma ‘princesa moderna, sem safadeza para viver uma pilantra’, admitiu que estava enganado. "Logo nas primeiras gravações, ela se mostrou uma cachorra de primeira", elogia. Pelos bastidores do Projac, o sucesso se repete. Equipe técnica e elenco passaram a aplaudir as picantes cenas da colega
Vale lembrar que, inicialmente, Bebel foi oferecida à Mariana Ximenes, que recusou o papel em nome de merecidas férias Camila também tinha outros planos para 2007. Casada há mais de cinco anos com o diretor Cláudio Peixoto, planejava engravidar no fim de "Belíssima", que saiu do ar em 2006. "Não fosse pela novela, já teria feito a encomenda do bebê. Trabalhar com o Gilberto Braga era um sonho, não havia como recusar. Estou casada há um bom tempo e o desejo de ter um filho está ficando cada vez mais maduro entre a gente. É uma relação sólida, não estou toda semana de namorado novo. Acho que essa postura me tirou um pouco do centro das fofocas ", diz.
Mais que trabalhar pela primeira vez com um ídolo, Camila aceitou participar de "Paraíso Tropical" porque buscava desafios. "Bebel é meu espelho ao contrário: nariz empinado, acha que tudo pode. Ela chegou bagunçando tudo, tive de esquecer um pouquinho da Camila para deixar nascer o jeito da personagem. Não sou esse mulherão que pintam, essa foi uma imagem que construíram para mim. A personagem não é apenas uma mulher sem pudor, também não é simplesmente uma vilã. Bebel é cheia de nuances, foge completamente daquela figura da prostituta humilhada e explorada que muitas pessoas imaginam. Não é uma coitadinha! Ela sabe que tem poder sob os homens e usa isso para conseguir o que mais quer na vida: ter dinheiro."
FURACÃO - Para achar o tom preciso de Bebel, sem se deixar levar por exageros e caricaturas, Camila decidiu conhecer profissionais de verdade. Aplicada, visitou a ong Da Vida, que promove ações de cidadania entre prostitutas do Rio. "Como a prostituição é uma profissão marginalizada, as profissionais ficam com um estigma. Não existe apenas um tipo de prostituta, assim como não existe um só tipo de atriz. Ouvi histórias bem diferentes, algumas surpreendentes. Tem puta que é mãe de família, outra que gosta do que faz, é bem resolvida. Esse material todo me deu muita liberdade para compor a Bebel. É um desafio gigante, ela é um furacão. Para não perder minha tranqüilidade natural, tenho de caprichar na ioga." "
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